quinta-feira, 1 de maio de 2014

Às viúvas - Lorena Horta


Muitas vidas vivemos, em uma vida só.
Muitas você foi, ao longo de sua vida
Cada uma "você" teve seu grau de experiência e maturação. 
Sem nunca perder sua essência.
Muitas são suas camadas. Muitos são os seus véus.
Você pode olhar para o passado e levantar o véu que desejar... reencontrar uma determinada "você". 
No tempo e espaço desejados, dentro das suas várias dimensões.
Você pode se permitir, em cada abril, encontrar-se com a "você" que chora, que sofre a perda do ser amado. 
E vivê-la. E senti-la. Sendo leal a si mesma.
Por que, nós temos a mania, de querer esconder nossas feridas?
De mostrar que somos fortes, o tempo todo?
E de virar a cara, para nossa própria dor? - Como se não encarando-a, sofrêssemos menos.
Mentimos. Para os outros e para nós mesmos.
E mentindo a ferida dói mais!
Um amor verdadeiro não morre. 
Ele sempre deixa em nós uma parte de si e leva consigo, uma parte da gente.
Se ainda a saudade persiste, então permita-se senti-la. Sofrê-la. Sorvê-la... até a última gota.
Até que ela penetre tão fundo, que retorne ao seu âmago.
E novamente sedimente-se, no lodo do lago ilusoriamente calmo, da sua alma.
E você possa então, voltar inteira - ou quase - à sua vida, aparentemente normal.
Lorena Horta - 30/04/2014.

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