quinta-feira, 14 de agosto de 2014

EU GOSTO DE SER MULHER... POR LORENA HORTA

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SER MENINA OU SER MULHER?
(OU, EU GOSTO DE SER MULHER!) 
Rio, 25/03/90 - Lorena Horta 

Hoje ainda menina, eu brinco de ser mulher.
Brinco de abraçar, de beijar, tocar, descobrir... 
Brincando de descobrir,
descobri lugares, sensações, emoções.
Conheci a tristeza, a frieza, a mágoa, a dor... 
Também conheci a alegria, o tesão, o desejo, o amor!
Agora quero libertar-me! 
Livrar-me da inibição! 
Da proibição!
Dos limites do corpo, da alma e do coração!
Quero seguir meus impulsos, meus instintos.
Quero libertar a mulher que há dentro de mim, 
que em vão, tento esconder, 
por trás de minha aparência quase infantil.
A mulher que desperta, que sinto aflorar, 
a cada vez que sou tocada, beijada, acariciada!
A mulher que deseja sentir intensamente 
a essência vital, a loucura selvagem 
da entrega, de fazer amor!
Mas sei que é fulminante, 
a dor de saber que tudo não passou de um instante,
de uma ilusão!
O que fazer?
Até quando sofrer com essa indecisão?
Quem põe a razão à frente do coração, 
cresce no conceito moral. 
Mas interiormente desmorona, 
numa apatia quase mortal.
Talvez eu deva arriscar-me!
Porque arriscar-se é amadurecer com as lições da vida! 
É tornar-se verdadeiramente uma mulher!

Por Lorena Horta.


[[ ___Escrevi esse texto aos 15 anos, 
quando a dúvida me consumia.
Eu estava dividida!
Vivendo o meu primeiro Amor!
Uma parte de mim se inflamava em desejo, 
enquanto a outra tinha medo de mudar, de amadurecer.
Ao mesmo tempo em que eu desejava sentir todos os prazeres do sexo, 
tinha medo de deixar de ser a menina, a virgem. 
De perder a inocência, a ingenuidade... 
eu sabia que para ser mulher teria que ter responsabilidade. 
E teria que pagar o preço da minha escolha. 
E essa é uma escolha definitiva e irrevogável! 


 Por LORENA HORTA__ ]]

EU GOSTO DE SER MULHER
(Letra) Eu gosto de ser mulher
Sonhar, arder de amor
Desde que sou uma menina
De ser feliz e sofrer
Com quem eu faça calor
Esse querer me ilumina
E eu não quero, amor
Nada de menos
Dispense os jogos desses mais ou menos
Pra que pequenos vícios
Se o amor são fogos que se acendem
Sem artifícios
Eu já quis ser bailarina
São coisas que eu não esqueço
E continuo ainda a sê-las
Minha vida me alucina
É como um filme que faço
Mas faço melhor ainda
Do que as estrelas
Então eu digo, amor
Chegue mais perto
E prove ao certo qual é o meu sabor
Ouça meu peito agora
Venha compor uma trilha sonora
Pra o amor
Eu gosto de ser mulher
Que mostra mais o que sente
O lado quente do ser
E canta mais docemente...

CARTA DE UMA VELHA SENHORA

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Mulher idosa Emendando Roupa Velha, Moret, óleo sobre tela por Camille Pissarro (1830-1903, Virgin Islands)
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Para todos os Velhos do mundo! 
Em especial à minha Velhinha Querida, 
Vó Benita, que eu amo de paixão! 
Por Lorena Horta - Rio, 16/10/2011 - 03:00hs em ponto - Madrugada

CARTA DE UMA VELHA SENHORA

"Os tempos idos
Nunca esquecidos 
Trazem saudades ao recordar...
É com tristeza que eu relembro
Coisas remotas que não vêm mais..." 

__Esses versos do Cartola, traduzem muito bem, como estou me sentindo hoje!__

Ontem a minha palavra era lei no meu lar, junto à minha família!
Eu... a mãe!
Eu decidia, com amor, o que podia ou não. 
Quem, onde e quando podia algo. 
Afinal, era minha a responsabilidade pela organização do lar e a educação dos filhos!
Hoje, sou tratada praticamente como uma criança. 
Como se eu não tivesse juízo ou consciência das coisas.
Hoje, ninguém lembra mais de pedir a minha opinião.
Ontem eu comandava um lar, onde eu era a Rainha, a Soberana! Hoje nem lar eu tenho! 
Passo uns dias aqui, outros ali, nas casas de uns e outros parentes.
Não tenho mais o meu cantinho.
Onde eu possa dispor minhas fotografias, 
o altar dos meus santinhos, 
meus livros, minhas memórias... 
Não tomei essa decisão. Tomaram-na por mim!
Não me perguntaram o que eu achava.
O que eu sentia. 
O que eu queria!
Perdi meus irmãos, minha casinha, meus vizinhos, meus amigos. 
Perdi minha referência, a minha identidade!
Vivi... amei.
Vivi... sofri.
Vivi... lutei.
Vivi... superei.
Criei meus filhos, meus netos... os tesouros da minha vida! 
E agora?
Agora estou VELHA!
Velha para ficar sozinha em casa. Velha para ir sozinha à rua. Velha para decidir, para entender... 
Há os que dizem: - Velho não entende nada! É um alienado! 
Não há o que conversar com um velho! 
Velho é de outra época, outro tempo... o tempo do velho já passou!

Ah, jovens! Não esqueçam de que ficarão velhos também!
O tempo passa tão rápido! Num lapso de segundos! 
Num piscar de olhos, o futuro já chegou! 
E vocês são os velhos do futuro!
Depois de alguns anos, de uma certa idade, o corpo perece. 
Mas a mente, a alma, quem somos... continua ali!
O corpo muda, perde o vigor, o viço, a força. 
A saúde perde a resistência. 
Os cabelos prateiam, a pele muda, aparecem as marcas do tempo. 
Ainda recordo o dia em que me olhei no espelho e ele refletia uma velha: - Mas como é possível?!, pensei. 
O espanto é porque minha mente não envelheceu. 
Minha mente ainda é de uma moça de 30 anos! 
Não sou velha! Ainda sou a mesma mulher! 
Meu corpo, minha casca, é que envelheceu! 
Porque a alma não envelhece!
Lembro da juventude, como se eu estivesse vivendo os momentos agorinha mesmo!
Lembro das cores, dos sons e até dos cheiros! 
Lembro de tudo! 
De cada fato importante, ocorrido ao longo da vida! 
Sou capaz de vivê-los novamente!
Velho não é um alienado, um extraterrestre, um ser de outro mundo! 
Velho tem é experiência!
Converse comigo! E verás o quanto eu tenho a dizer! 
O quanto entendo das coisas!
E caso queira saber, velho tem opinião, sim!
Não me trate como "NADA"! 
Já fui "TUDO" em sua vida!
Mereço ser tratada com dignidade e respeito!
Te ensinei tudo o que você sabe! 
Desde amarrar os cordões dos sapatos, 
até superar as desilusões, as frustrações e as maiores dores da sua vida!
Ou você já esqueceu?
Fui o ventre que te acolheu. 
O seio que te amamentou e alimentou. 
O colo que te acalentou e acalmou! 
Fui a palavra certa.
A mão estendida. 
A conversa que moldou o seu caráter.
O seu alicerce para a vida!
Não me trate como um ser anencéfalo (sem cérebro)!
Sou VELHA, mas ESTOU VIVA!
Me dê amor, enquanto ainda estou aqui!

POR LORENA HORTA.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A Memória da Pele



A Memória da Pele

Há dias em que o corpo da gente fala mais alto que a razão. 
Que o raciocínio, que a lógica.
Há dias, em que a minha pele acorda sedenta da sua carícia. 
Da sua língua, 
do seu beijo, 
da sua pele, 
do seu corpo sobre o meu!
Nossa pele tem memória! Tem saudades!
Nesses dias a mente serpenteia 
num balé vertiginoso. 
Recordando sensações deliciosas!
A mão que desliza, 
que acaricia, 
que aperta, 
que arranha, 
que penetra indecente!
A língua molhada, ávida!
Que lambe, 
que beija, 
que percorre, 
que se apodera, 
que absorve.
O olhar estremecedor e inquietante, 
desejoso, hipnotizante, 
que atiça e desnuda.
Os pelos roçando, arrepiando, instigando.
Os músculos retesando-se, expandindo-se, 
convertendo-se em gigante de pedra bruta. 
Impondo-se sobre e dentro. 
Invadindo, uma invasão consentida.
Dominando, 
conquistando espaços, 
ocupando-os carinhosa e violentamente! 
Em busca da nascente pura, da água da vida.
Em busca do estremecimento, do grito, do gozo.
Coxas alagadas, gigante de pedra adormecido.
A mente se aquieta, para logo despertar 
e recordar novamente!

Por Madame L./ Lorena Horta

Tela de Heloíza Azevedo 

domingo, 15 de junho de 2014

Relacionamentos longos - Lorena Horta

Relacionamentos longos são caminhos, descaminhos, encruzilhadas, paralelas, becos sem saída, retornos e estrada que desemboca na estrada do outro, se mesclando novamente! 
Quando DOIS se tornam quase UM, às vezes a gente se sente assim, meio perdida! 
Mas depois, num momento mágico, sem que nem porquê, a gente olha naqueles olhos, aconchega naqueles braços, derrete naquele peito... e aí a gente entende tudo novamente! 

sábado, 14 de junho de 2014

O meu homem - Lorena Horta


O meu homem - Lorena Horta

Eu admiro muito os poetas! 
Porém são eles, minhas almas irmãs.
O que me excita mesmo é o meu homem. 
Ele não entende nada de poesias, é mais rústico. 
Mas semelhante a um carvalho, negro e frondoso, finca em minhas terras suas raízes. Cresce forte em volta de mim.
Seus dedos, como galhos, se entrelaçam firmes por entre meus cabelos.
Fazendo com que eu trema, ao sentir em minha nuca sua respiração ofegante e seu hálito quente.
Suas mãos puxam contra si meus quadris, com a força da sua natureza.  Ele é gentil, mas me penetra profundamente.
Possuindo-me, fecundando-me, satisfazendo meus desejos...
Fazendo assim que eu floresça a cada dia!

Lorena Horta para Moisés

terça-feira, 3 de junho de 2014

Benita, Bela, Benitinha - 25/05/2014


  • Benita, Bela, Benitinha - 25/05/2014
    Quando nasceu Benita
    era a filha temporã
    Alegre, vivaz e bonita
    o xodó dos irmãos e irmãs
    Nasceu filha de um casal de italianos
    Vito e Michelina Manzolillo
    um jornalista e uma matrona
    em 17 de abril de 1928
    nasceu brasileira minha nona
    Benita herdou o seu nome
    do seu famoso padrinho
    que ficou marcado na história
    Na Itália o homem era célebre
    porém perdeu sua glória
    Era Benito Mussolini, o dito
    compadre e amigo,
    íntimo do meu biso Vito
    Benita cresceu moça doce
    era bela e prendada
    porém quando casou-se
    Benita não foi bem amada
    Casou-se com uma fera
    que chamava-se Leão
    não era alcunha, era nome
    agressivo e inconstante era o homem
    e metido a garanhão
    Como esperar porém,
    que com esse nome alguém
    seja um bom cidadão
    ou que valha um vintém?
    Seis filhos então,
    teve Leão com Benita
    Quatro meninas e dois meninos
    alegrias da sua vida!
    A mais velha
    uma índia parecia
    seu nome era Lenita
    chamava muita atenção
    pois era morena e muito bonita
    O Vito era o segundo
    loirinho feito um anjinho
    e para a dona Benita
    o mais amado do mundo!
    Thereza Christina
    gostava da flor margarida
    e da cor maravilha
    menina bonita e dengosa,
    era a terceira filha
    Ela dedurava os irmãos
    quando chegava o "culitinho (boletim)"
    na época das provas
    e seus irmãos tomavam aquela sova
    A quarta era a Leila
    com um aninho
    já cantava Only You
    Esperta e muito mimosa
    era uma taurina teimosa
    Quando as crianças da redondeza
    implicavam com seus irmãos
    Leila lhes apertava o pescoço
    até os pés saírem do chão
    O quinto filho era o Marquinho
    que se livrou de chamar-se Hércules
    e virar piada
    pois era muito magrinho
    Levado e espoleta
    vivia na emergência
    curtia com a cara de todos
    e gostava de fazer gazeta
    Aline era a caçula de todos
    miudinha e muito loirinha
    parecia uma pintinha que saiu do ovo
    Caçula é sempre mimada
    e esta não foi diferente
    dormia de tapa olhos
    e a mamãe lhe dava
    "mamazinho" quente
    Um dia dona Benita tomou coragem
    botou o Leão pra correr
    Seus primeiros filhos na maioridade
    lhe ajudaram a sobreviver
    Os dois mais velhos já trabalhavam
    para criar os irmãos
    fortaleceram a família
    e os laços de união
    Assim se passaram os anos
    outro marido Benita não quis ter
    Queria cuidar dos seus filhos
    que eram a razão do seu viver!
    Os filhos foram casando
    e assim vieram os netos
    agora ela era a avó
    Assim como a Senhora Sant'Ana
    Benita tinha muita fé
    Em Deus, Jesus e na Virgem Maria
    Lorena foi a primeira neta
    que em sua casa vivia
    Benita ensinou a ler a netinha
    no jornal que ela lia
    Muitas histórias contava
    uma delas é a de que iam de navio à Itália
    quando a vó na loteria ganhasse
    Mas isso não era verdade
    Ela nem mesmo jogava!
    A vovó lhe ensinava canções
    e marchinhas da mocidade
    Era muito lúdica e gentil
    Gostava de estar rodeada
    por crianças de todas as idades
    Era a fada, a professora
    a vó cheia de bondade
    Lorena e vó Benita
    estavam sempre juntas
    e se amavam de verdade
    Lorena aprendeu a gostar
    de gente, de novela,
    de carinho, de abraçar, de beijar
    de conversar e de ler
    E assim dona Benita foi lhe ensinando a viver
    Amavam-se profundamente
    Lorena sempre dizia:
    - Vó, mesmo depois que eu morrer
    te amarei eternamente!
    A segunda neta era a Geórgia
    vó Benita amava-lhe o riso
    "-De moleca!", dizia
    e a neta ria!
    O terceiro foi o Rafael
    amoroso, porém introspectivo
    Ingrid, a quarta
    era divertida e carinhosa
    gostava dos bichos
    O Vitinho era o quinto
    e lhe faltava o ciso!
    Assim como o pai
    Vitinho era levado e espoleta
    por isso, um belo dia,
    ficou espetado na cerca!
    O Guilherme era o sexto neto
    e era um garoto bonito
    Embora sorrisse bastante
    ele era a cara do seu pai, o Vito
    Depois vieram o Renan e o Igor
    adoravam vídeo games
    e eram estudiosos
    Vó Benita os amava muito
    e os achava carinhosos
    Eram o sétimo e o oitavo,
    filhos da Leila com o Ricardo
    Também tem a Marininha
    de quem eu não posso esquecer
    da vó Regina netinha
    Que a vó Benita veio acolher
    Acolheu-a em seu coração
    com todo o amor que uma avó pode ter
    E a netinha querida
    com toda força e gratidão
    guardou a vó Benitinha
    dentro do seu coração
    A Nicolle era a nona neta
    e nasceu para se destacar
    Além de ser uma princesa
    bonita, suave e educada,
    ela é uma mulher forte de se espantar!
    Uma sereia carioca
    que surfa as ondas do mar
    O décimo era o Gabryel
    e esse neto caiu do céu!
    Não poderia haver outro
    melhor para fechar esta lista
    tamanho é o amor
    entre ele e sua vó Benita!
    Então chegaram os bisnetos
    João Marcos era o primeiro
    sempre muito estudioso
    João era um cara maneiro
    Educado e inteligente
    deixava a bisa contente
    O segundo era o Ramon
    com seus olhinhos de gato
    tinha muito bom humor
    e era muito namorador
    Aí chegou a Marina
    que era muito feminina
    e a bisa dizia: - Como é mandona essa menina!
    O quarto foi o Pedro Lucas
    vovó sempre dizia
    que era um bebê sorridente
    tinha o cabelo pretinho
    e encantava toda gente
    O quinto foi o Miguel Lúcio
    que a bisa chamava de Miguelito
    e ele a enchia de beijinhos
    Cobria-lhe com o lenço a cabeça
    e calçava-lhe nos pés as meias
    - Bisa, te amo até a pontinha do coração de batata doce!
    Ele lhe dizia de boca cheia
    Miguel era ainda um garotinho
    mas cuidava da bisa com todo carinho!
    Bisa amou tanto seu Miguelito
    que ele quase roubou o lugar do Vito
    O sexto bisneto era o Thor
    sempre muito carinhoso
    pedindo pra bisa
    beijos e abraços gostosos
    E por último nasceram as duas princesas
    Manu e Amandinha
    Eram duas fofinhas
    que a Bisa Benita encantaram
    e seus dias alegraram!
    Benita amou muito
    e foi muito amada também
    Até o final de sua estada na Terra
    não teve pra mais ninguém!
    Tenho certeza que um dia
    Deus, Jesus e a Virgem Maria
    muito felizes estarão,
    recebendo a dona Benita
    com todo seu galardão
    Pois sua estada na Terra
    não passará em vão
    Foi mulher boa e muito digna
    Fez sua estrada florida
    de muita fé, alegria e perdão
    Doando todo o seu coração
    Para seus herdeiros deixando seu exemplo
    que eles jamais esquecerão!
    Essa é a minha homenagem à minha avó querida,
    que jamais será esquecida!
    Até um dia vó! - Lorena Horta
  • IN MEMORIA 31/05/2014

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Drummond - Se!! Por Lorena Horta - 24/05/2014


Minha alma andava deprimida. Conversando com a morte quando estava nos braços de Morfeu! 
Sentia uma saudade doída de si mesma! 
Até que um dia Drummondiei-me! 
Então minha alma voltou a pular de alegria, brincando novamente com as rimas da poesia. 
Os sentimentos  saltitando na mente, fogem, escorregam dolentes, libertam-se nas pontas dos dedos, mergulham na profunda folha branca. 
Minha alma brincando feito criança, dança com a poesia. 
Suas rimas,  letras,  palavras, encontram com seus irmãos. 
Depois de toda essa folia, minha alma volta florida e as deposita em meu coração! 
Drummond - Se!!  
Por Lorena Horta - 24/05/2014